terça-feira, 31 de maio de 2016

Zoom Smart Cities: “Quem são os donos das cidades?” (Diário de Aveiro, supl. Economia, 31/5/2016)

Na passada semana estive num zoom às smart cities, no evento internacional para as cidades inteligentes em Portugal, precisamente o Zoom Smart Cities, em Lisboa. 
“Eu quando pensei em ideias para cidades inteligentes pensei, por exemplo, na criação de um aspirador central que pudesse, em poucos minutos limpar uma cidade inteira (…)”, uma declaração proferida por Fernando Alvim, Apresentador de Rádio e TV (Antena 3 e RTP), que usou o humor para definir e forma como o cidadão comum olha para a temática das Smart Cities. Com esta e outras ideias arrancou gargalhadas mas acabou por mostrar de forma divertida que pensar em cidades inteligentes é pensar na implementação de soluções que sirvam os cidadãos, que tornem as suas vidas mais fáceis, que ajudem e contribuam para a felicidade comum. Já não se fala apenas de cidades tecnológicas, para mostrar que é necessária a criatividade, a audácia em implementar projetos que despertem nos cidadãos vontade de viver e participar na sua cidade, a arte, as politicas sociais, e obviamente as politicas económicas que promovam desenvolvimento sustentável.
Saskia Sassen, conceituada socióloga e investigadora, colocou a questão: “Quem são os donos das cidades?”
A resposta não se fez esperar: “Se uma cidade inteligente não mobiliza a inteligência dos seus cidadãos, então, não é muito inteligente, é apenas a implementação de sistemas técnicos”, defendeu. “Quando introduzimos as pessoas, tudo se complica, pois estas não têm só um formato, não podemos controlar as suas opiniões, os seus desejos ou as suas preocupações. Isso eleva o nível de complexidade, pelo que digo que ser smart significa ser capaz de lidar com um cenário muito mais complexo do que aquele que ocorre num laboratório no desenvolvimento de uma tecnologia”, concluiu.
Neste sentido, a cidade de Chicago tem o projeto “Array of Thinks” (AoT) onde se questiona: quem é o dono dos dados?. O AoT tem como objectivo tornar uma cidade inteligente aberta, democrática e colaborativa. É um conceito que passa por sensores posicionados ao redor da cidade, os quais adquirem dados sobre a qualidade do ar, tráfego pedestre e de veículos, por exemplo, mas nada sobre o individuo-cidadão,  qualquer dado privado, intrusivo. Os dados são disponibilizados a todos – abertos – para a investigação,  poder local, empresas, empreendedores, criativos e para o cidadão comum.


João Orvalho, jgorvalho@gmail.com

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