terça-feira, 8 de março de 2016

O Simplex passa por uma cloud pública (Diário de Aveiro, supl. Economia, 8/3/2016)

“I want us to ask ourselves every day, how are we using technology to make a real difference in people’s lives.” – Presidente Barack Obama
O acesso “simples” aos serviços está novamente no topo da agenda pública, leia-se governo. Ainda bem. Temos um road-show a “rolar”, recolha de opiniões, diagnósticos, mais diagnósticos. Enfim! iremos parar num “power-point” ? Há “toneladas” de estudos, “reports”, “surveys”, planos estratégicos, etc. Todos, em conjunto, são bibliografia suficiente para FAZER em multicanal: canal interno, leia-se “in-house”, pelos organismos públicos (governo central, regional e local), ou pelo canal externo, leia-se empresas, cidadãos, etc. Defendo a abertura à economia, à “nova-economia”, aquela que encoraja o desenvolvimento da App Economy, que capacita (permite) as escolhas dos cidadãos. Por onde podemos ir? Por caminhos dos dados abertos (open data), geridos, promovidos, garantidos (quantidade, qualidade e continuidade) por entidades públicas.
Dados abertos é democracia!
Um governação orientada para o digital, que promova a competitividade, a inovação e a resolução do problema do acesso fácil (usabilidade e acessibilidade) à informação e à interação com os serviços públicos, tem um eixo estratégico: uma cloud pública, onde os fornecedores de serviços tenham acessos a dados públicos (abertos e de acesso restrito), os disponibilizem soluções (serviços) e os organismos públicos os possam procurar, adquirir e utilizar. Um exemplo de uma boa prática desta natureza: G-Cloud [1].  É uma iniciativa do governo do Reino Unido para servir todos os serviços públicos com sistemas de computação na nuvem (cloud). Criada em 2012, a G-Cloud consiste numa infraestrutura de cloud. O governo do Reino Unido estabeleceu uma política de “Cloud First” para os serviços TI (driver para adoção de serviços cloud pelo sector público), esperando que em 2015, 50% dos serviços estivessem na G-Cloud. A G-Cloud vai na sexta chamada – G-Cloud 6 (G6), até 1 de Agosto de 2016. “Digital Marketplace”: uma forma simples de vender e comprar serviços no sector público – interface de venda online (online shop). Há catálogos, guias para fornecedores (vendedores) e para compradores, com base em requisitos funcionais e outros. Cada serviço encontra-se organizado por categorias (lotes) tipo de uma cloud:
-      Lot 1 - Infrastructure as a Service (IaaS)
-      Lot 2 - Platform as a Service (PaaS)
-      Lot 3 - Software as a Service (SaaS)
-      Lot 4 - Specialist Cloud Services (oferta de especialistas de TI, individuais e empresas, para migração de serviços e aplicações para a G-Cloud)
O Ministro do Gabinete do Governo do Reino Unido Francis Maude referiu-se à G-Cloud da seguinte forma: “G-Cloud traz uma mudança radical na forma como o governo compra serviços TI. É mais rápido, mais barato e mais competitivo, aberto a uma ampla gama de empresas, incluindo a maioria das PME´s, e oferece mais possibilidades de escolha e inovação”.
Muitos organismos governamentais já usam G-Cloud, mas os custos de TI ainda são muito altos. Uma maneira de reduzi-los é acelerar a adoção da Cloud em todo o sector público para maximizar os benefícios disponibilizados e, ao mesmo tempo, apoiar a inovação e o crescimento no sector TIC do Reino Unido”.
Em março de 2014, 60% do total das vendas, em termos de valor, foram efetuados por PME´s. O ecossistema das PME TICE no Reino Unido está, desta forma, a receber receitas do sector público (muitos acham que é uma devolução), à medida que muitos contratos de outsourcing, de longa data, chegam ao fim.
João Orvalho, Professor do Politécnico de Coimbra, jgorvalho@gmail.com

[1] G-Cloud – cloud do governo do Reino Unido - https://www.gov.uk/digital-marketplace

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