terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

ESEC TV 4 anos no ar

Há 4 anos que temos emissões regulares da ESECTV na RTP2: ver no blog ESEC TV. Parabéns a TODA a equipa. Contudo, não posso deixar de referenciar o líder deste projecto: Francisco Amaral, que tem "aguentado", até ao limite, o desinvestimento neste projecto, assim como a falta de promoção por parte da Direcção da ESEC. Passados 4 anos de emissões regulares da RTP2, não tenho dúvidas em afirmar que, como gestor à data, foi um dos eixos do investimento que mais retorno tem trazido à ESEC, ao IPC, à cidade de Coimbra, à região de Coimbra e a muito outros. (ex: UC). Mas, como é típico num país onde a valorização do mérito não é prioritária, os que fazem, que se expõem e vencem nem sempre são bem "entendidos". É mal de inveja? é a dificuldade em lidar com o sucesso dos outros (os audazes que arriscam e passam no exame da competitividade do mercado)?
É um pouco de tudo. Por isso, passar 4 anos no exigente espaço da RTP 2 é uma grande vitória.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Estímulos (à Educação) - publicado no Diário de Coimbra, em 4/2/2009

No passado dia 11 de Janeiro, Thomas l. Friedman, um dos mais conceituados "opinion maker" da actualidade, na sua crónica regular no The New York Times escreveu que um dos estímulos, mais "inteligentes", para dinamizar a economia era reduzir os impostos a todos os professores da escola pública, de forma a atrair pessoas mais talentosas para esta profissão. E fazia mais, duplicava o salário aos professores mais qualificados das áreas das ciências e da matemática. Além disso, oferecia bolsas de estudo, com cobertura total, aos alunos carenciados que fossem para instituições do ensino superior público ("university ou community college"), durante os próximos quatro anos. É peremptório: “Vamos deixar que Obama faça regressar a América à escola”.
Apesar de ser um processo de estimulação com resultados a médio prazo (tipicamente 12 anos), mas com elevado potencial para gerar novas Google's, Microsoft's, Apple's, Intel's, etc.
Contudo, como o "buraco" é fundo e continua a alastrar, para Friedman o estímulo tem de ser "big" e "smart", devendo atender à componente financeira e a educacional. Os bilhiões ou trilhiões de doláres que se irão injectar nos próximos anos em redução de impostos, infra-estruturas, novas energias, etc, obedecerão a uma estratégia orientada pelo pensamento de John Keynes. No entanto, segundo Friedman, não deveriam ignorar o relatório “Rising Above the Gathering Storm: Energizing and Employing America for a Brighter Economic Future” - de 2005 (acesso livre em http://www.nap.edu/catalog.php?record_id=11463#toc), da responsabilidade da The National Academies. É um documento orientador para os EUA se manterem competitivos: melhorando a educação em ciência e matemática; investimento em investigação de longo prazo; recrutamento bons estudantes no estrangeiro; adequando as leis para o desenvolvimento da inovação.
Acredito que as estradas ajudarão, neste processo de estimulação da economia, mas acredito muito mais num estudante estimulado por um excelente professor.
Isto está a acontecer nos Estados Unidos da América. E por cá?
Quanto aos professores do ensino básico e secundário, é o que se sabe. O processo de desacreditação, humilhação e desmotivação continua. Os que têm mais experiência reformam-se, mesmo com penalizações, e os que podem, à primeira oportunidade, mudam de vida.
Quanto aos professores do sector terciário, o cenário não é melhor, apesar de ainda não se ter atingido o estado a que os outros colegas chegaram. Mas, é uma questão de tempo. Há muita desmotivação e abandonos. O estado actual, desregulado, do sistema terciário tem "atraído" demasiadas pessoas sem competências e desenvolvido processos de gestão de “clientelas”.
Quanto ao resto - plano de estímulos - não temos. Pede-se a intervenção do Estado.