Durante muitos anos os robôs reais estavam nas fábricas na
assemblagem de componentes electrónicos, armas, carros, etc. Contudo, nos
últimos anos (três ?), algo mudou. Drones, carros sem condutor e robôs com duas
pernas a andar tornaram-se, subitamente, reais.
Por outro lado, a lista de postos de trabalho susceptíveis
de serem automatizados cresce diariamente, com a evolução da inteligência
artificial (IA). Esta, aumentou a sua capacidade cognitiva: ganhou no xadrez em
1999 e Jeopardy! em 2011, a consciência situacional e a destreza física. Atente-se
no seguinte: se a condução é automatizada, a entrega será rápida e fácil de seguir;
empresas como a Amazon estão a fazer fortes investimentos para automatizar
totalmente toda a sua cadeia de abastecimento.
Há quem preveja que em 2045 as máquinas serão capazes de
fazer muito do trabalho que os seres humanos fazem. Então, há uma questão que
se coloca: se as máquinas poderão fazer muito do trabalho que o ser humano faz,
o que irão fazer os seres humanos?
Biil Gates e Stephen Hawking já falam dos perigos do
incremento das máquinas inteligentes. Este último, chegou a firmar que a “Inteligência
artificial completa pode significar o fim da raça humana”.
Esta questão: como é que o Homem se vai ocupar na presença
de máquinas inteligentes, é um dos desafios centrais que a sociedade hoje
enfrenta, apesar de não estar muito presente nos media tradicionais. Por isso,
o MIT (Massachusetts Institute of Technology) criou, em 2014, o Future of Life
Institute, precisamente para estudar o “lado escuro” da IA.
Actualmente, é bem claro, veja-se o estudo da Goldam Sachs
por Hugo Scott-Gall, que o capital de investimento intensivo está “afunilado”
para as empresas de base tecnológica: internet, software, hardware, serviços
TI, etc. Isto é, os investidores acreditam nestas “novas” áreas – smart watch,
carros sem condutores, realidade virtual, drones para entregas ... - que as
empresas de tecnologia “desvendaram” como áreas de expansão.
Para criar um futuro melhor, precisamos de máquinas que
façam as coisas mais fáceis, mas também precisamos de tempo para cuidar dos
outros que, hoje, não são bem servidos.
As tecnologias digitais e a robótica recompensam-nos com
produtividade e libertam-nos das inumeráveis tarefas repetitivas. Infelizmente,
como a nossa economia está actualmente organizada, estas facilidades são também
grandes problemas. Como podemos manter os preços de mercado num mundo com
excedente de produtividade? Como podemos empregar (trabalho ?) pessoas quando a
IA está “ocupando” postos de trabalho?
João Orvalho, Professor do Politécnico de Coimbra,
jgorvalho@gmail.com
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