Durante 3 semanas o circo desceu à cidade luz. O verdadeiro
desafio, não muito evidente na agenda de
Paris, é encontrar novas formas de fornecimento de energia que são de baixo
custo e com baixas emissões de carbono.
A notícia mais animadora do ano vem da queda dos preços de
energia solar e o desenvolvimento em diversas universidades e laboratórios, de todo
o mundo, de avanços em várias tecnologias diferentes: conversão de resíduos, sistemas
de armazenamento, redes, materiais avançados, entre outros.
Muitas unidades de investigação acreditam que o carvão pode
ser “limpo”; outras, desenvolveram baterias avançadas de lítio-oxigênio
(lítio-ar), que custam e pesam um quinto das baterias de íons-lítio, que atualmente
equipam a maioria dos carros elétricos. Esta nova bateria, com uma densidade de
energia muito alta, eficiência superior a 90 por cento e com uma capacidade
para mais de 2.000 ciclos de recarga é uma passo importante para o
desenvolvimento desta tecnologia. Estes avanços, da investigação, poderão ser
autenticas revoluções nos sistema de energia.
Muitos especialistas mundiais são críticos do “sucesso” do
acordo de Paris, apesar de considerarem impressionante que os 195 países, pela
primeira vez, tenham concordado com os cientistas: não podemos deixar a
temperatura média do planeta aumentar mais de 2°C em relação à era
pré-industrial – e ainda por cima que não passe de 1,5°C.
Há uma corrente, cada vez mais forte, que pensa que a melhor
opção está na ciência, a qual pode transformar a relação da economia entre
oferta e consumo de energia.
O próprio Comissário europeu para a Investigação, Ciência e
Inovação, Carlos Moedas, apelou no COP21 a mais investimento da parte dos
Estados-membros na investigação sobre energias renováveis, disse que é "preciso fazer
mais"; que "é tempo para investir
mais”; que “o triângulo consiste na redução do custo das tecnologias, na
passagem para o mundo digital e na transferência dos subsídios das energias
fósseis para a ciência”; e que "sem investigação e sem ciência não se
podem resolver aqueles que são os grandes paradigmas do problema
climático".
De facto, não me importa se a ciência é efectuada pelo
serviço público ou pelo privado, ou se é feita em Boston ou em Aveiro, o
importante é ter energia produzida a baixo custo, para abandonarmos o carvão, “sujo”
e barato, e reduzirmos substancialmente os combustíveis fósseis.
Espero que Paris tenha inspirado os líderes das cidades e das
empresas a redobrarem os seus esforços para reduzirem as suas emissões,
apostando, por exemplo, na ciência.
João Orvalho, ex-Coordenador Geral do Projecto SmartCoimbra
(Coimbra Smart City), jgorvalho@gmail.com
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