Há muitas vantagens para começar a programar
"cedo": 7, 8, 9 ... anos de idade. Começar a dividir as tarefas em acções
mais simples e a pensar logicamente, o mais cedo possível, contribuiu para desenvolver a competência das
nossas crianças para resolverem problemas. O pensamento abstrato e a
compreensão da matemática, também sairão enriquecidos.
Neste sentido, em Portugal, a vertente de
Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) do currículo do ensino básico (1º
e 2º ciclo) é pobre, não inspira e só afasta. Não é um problema exclusivo de
Portugal, quer os EUA quer o Reino Unido enfrentaram problemas semelhantes,
contudo, há muito que a sociedade civil encontrou caminhos para contrariar esta
situação: os “Code Club” (Clubes de Programação) em Inglaterra, os “The Computer
Clubhouse” nos EUA e o movimento Coderdojo nascido na Irlanda, que é hoje uma
Fundação com Dojos por todo o globo. Estes bons exemplos de organizações, sem
fins lucrativos, que funcionam depois do horário lectivo, com tutores
voluntários, tem cativado muitas empresas em toda a Europa, que, pelo exemplo dos seus CEO’s, estão a avançar
com voluntários para estas acções. É neste quadro, que o Reino Unido desde o
ano lectivo de 2014/2015 iniciou a aplicação de um curriculo nacional
de computação nas escolas do 1º e 2º ciclo, com alunos desde os 5 anos de idade.
Neste movimentos, na generalidade dos casos,
o currículo segue a ferramenta de programação visual, com blocos como se fossem
peças de lego, criada pelo MIT: o Scratch, desenvolvido por uma equipa do
Lifelong Kindergarten group do MIT Media Lab , liderada por Mitch Resnick. Enquanto
criam projectos no Scratch, as crianças (e não só) estão a aprender a
programar, ie estão a programar para apreender, pois, enquanto aprendem a
programar, são estimuladas e motivadas para aprenderem outras assuntos, criando-se
muitas oportunidades de aprendizagem, não só como funcionam os computadores,
mas, também, relativas às matérias tratadas. De facto, apreendem de forma
prática e motivante a razão de ser dos conceitos num contexto significativo.
Os jovens, enquanto desenvolvem estes
projectos de programação, também estão a desenvolver competência do processo de
design, de como tratar um ideia: gerir o momento da chamada faísca de uma ideia
e de como transformá-la num projecto completo e funcional, ou seja, estão a
desenvolver os princípios básicos do processo de concepção e de como
experimentar com novas ideias, pegando em algo complexo e dividi-lo em partes
mais simples. Assim como, apreender a colaborar com outros em tarefas de um
projecto; lidar com os problemas; desenvolvendo soluções para corrigir os
erros; manter a determinação, não desistindo, encontrar caminhos alternativos;
ser persistente e manter a perseverança nos momentos difíceis.
João Orvalho, Professor do Politécnico de Coimbra,
jgorvalho@gmail.com
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