quarta-feira, 20 de maio de 2015

A indústria de software em Portugal (Diário de Aveiro, 19/5/2015)

Em Portugal não há muito estudos sobre este sector. No entanto, é reconhecido que a área do software é uma das que apresenta maior crescimento orgânico e económico no contexto dos últimos anos (mesmo em tempo de crise). Pese a sua importância, nem sempre é uma área de core business para as organizações. Veja-se um exemplo do ecossistema da Inova-Ria, o caso da ISA. O seu core business é a telemetria mas também não deixando de ter e suportar um importante e não menos relevante departamento de software. Muitas empresas, na área do software, têm uma dimensão reduzida (PME) não dispondo, por consequência, de massa crítica capaz de grandes investimentos ou apostar em atividades de internacionalização. Adicionalmente, tendem a estar centradas em competências específicas e no investimento necessário para desenvolver essas mesmas competências e outras adicionais (novas). A este nível é, também, de realçar a baixa capacidade de investir de forma representativa e sistemática em metodologias avançadas de qualidade e maturidade de software (ex: processos e certificação). Em Portugal, as empresas afastadas dos principais centros de decisão, como por exemplo, as que se encontram localizadas na Região Centro (principalmente no eixo Coimbra-Aveiro) onde se situa grande parte do ecossistema da Inova-RIA, têm que lidar com dificuldades acrescidas. Para se ultrapassar as debilidades associadas à sua reduzida dimensão, da falta de escala, podem ser adotados vários modelos, de forma o poder tirar partido de maior massa crítica: investimento em qualificação dos recursos e nas metodologias de desenvolvimento, etc. A Critical Software, uma das empresas do ecossistema da Inova-Ria, é um exemplo de sucesso e tem conquistado a pulso a “presença internacional no competitivo mercado de software”, como sublinhou Gonçalo Quadros, o seu CEO, numa entrevista ao semanário Expresso de 23 de Agosto de 2014. “Na indústria de software em Portugal não há crise, mas se estivermos partilhados e pulverizados em ações individuais não conseguimos ser ambiciosos”, defende, ainda, o líder da Critical Software. Para melhor conhecer a realidade da indústria de software em Portugal, dever-se-á promover, com regularidade anual, um survey: potencial da Industria de Software das PME TICE, como acontece na Finlândia, Alemanha, Áustria, etc. Estas são algumas das conclusões retiradas do estudo Micro Outsourcing - Oportunidades e Orientações Estratégicas para PME TICE, recentemente elaborado pelo Grupo CH no âmbito do Projeto Alvos Estratégicos promovido pela Inova-Ria – Associação de Empresas para uma Rede de Inovação em Aveiro, cofinanciado pelo QREN/COMPETE/FEDER e disponível e www.inova-ria.pt.

terça-feira, 5 de maio de 2015

A Indústria de Software (Diário de Aveiro, 5/5/2015)

Hoje em dia, o outsourcing de desenvolvimento de software é uma tendência muito comum, para grandes, médios e até pequenos fornecedores de todo o mundo. Assumindo-se, assim, como um importante driver do mercado de TI. Nas últimas décadas o outsourcing de tecnologia da informação (ITO) tornou-se uma questão importante para empresas de desenvolvimento de software. Daí que, o outsourcing de software tem vindo a ser alvo de diversos estudos de investigação e desenvolvimento em vários países do mundo (por exemplo na Alemanha). Isto, não só pelos benefícios do baixo custo da mão-de-obra em países em desenvolvimento, mas, também, pela disponibilidade de um conjunto de mão-de-obra altamente qualificada, sujeita a um processo dinâmico de contratação, constituindo, desta forma, um forte driver da tendência para o outsourcing. Se, há muitos anos, o outsourcing era contratualizado para toda a estrutura de TI, nos dias de hoje, temos outsourcing em componentes da mesma, nomeadamente para as atividades específicas do desenvolvimento de software e do seu ciclo de desenvolvimento. Se, inicialmente, os players de outsourcing eram só as grandes empresas, ultimamente também são as de média dimensão e as PME’s, especialmente na Alemanha, que é um caso de estudo de diversos trabalhos de investigação e que serve como modelo para as PME’s de todo o mundo, comprovando o sucesso do outsourcing, pela sua evolução frutífera, dentro da economia alemã. Por exemplo, no German Software Industry Survey 2013, o sector é caracterizado por um estado da arte muito completo. Nele são analisados os modelos e as estratégias das empresas alemães de software, dando particular atenção à formação de Grupos Estratégicos, que emergem segundo critérios e interesses similares, e aos Software Ecosystems (parcerias de empresas ou estruturas colaborativas). Dele destacam-se alguns dos resultados, mais relevantes: a generalidade das empresas tem pouca idade; há um elevado número de pequenas empresas; as grandes empresas dominam o sector, em termos de recursos humanos e receitas. Isto acentua alta concentração no sector e a importância das grandes empresas para a indústria de software; as empresas de software consideram a diferenciação como sendo mais importante do que as estratégias de baixo custo; por outro lado, a rentabilidade e crescimento são dois objetivos simultâneos; as opções tradicionais prevalecem, tais como a cobrança direta aos utilizadores finais, utilização de preços independentes de uso e utilização de plataformas clássicas (servidores, desktop / laptop). Contudo, o modelo de software on-demand, as plataformas de computação móvel e cloud estão claramente a ganhar quotas de Mercado; Software Ecosystems (estruturas colaborativas): 70% das empresas trabalham em parceria, num modelo de “hub” – uma empresa líder, rodeada por pequenas PME’s (“spokes”), ligadas às suas plataformas ou produtos. Os mais importantes são: Microsoft, Oracle, SAP, Google/Android e a Apple. Estas são algumas das conclusões retiradas do estudo Micro Outsourcing - Oportunidades e Orientações Estratégicas para PME TICE, recentemente elaborado pelo Grupo CH no âmbito do Projeto Alvos Estratégicos promovido pela Inova-Ria – Associação de Empresas para uma Rede de Inovação em Aveiro, cofinanciado pelo QREN/COMPETE/FEDER e disponível e www.inova-ria.pt.

Os centros de serviços partilhados em Portugal (Diário de Aveiro, 22/4/2015)

“Portugal é um destino atrativo”, afirmou recentemente Vincent Rouaix, presidente do grupo francês Gfi Informatique, salientando que “Portugal é um dos centros de nearshore mais interessantes da Europa, em virtude das condições de proximidade, condições financeiras competitivas (incentivos do governo, etc), nível de trabalho altamente qualificado, competências linguísticas e comunicacionais e o espirito de compromisso”. Para a Deloitte, a revolução das TIC foi o elemento catalisador que levou ao surgimento dos serviços partilhados e do outsourcing em regime de offshoring na década de 80 do século passado, tendo permitido às empresas fragmentarem os seus processos no mercado global, de forma eficaz e eficiente. Portugal volta a ser destacado no mercado internacional dos serviços de base tecnológica através da Associação Portugal Outsourcing (APO), que em maio de 2014 foi incluída na short-list dos 2014 European Outsourcing Association Awards, na categoria “Offshoring Destination of the Year”. A 5ª edição deste evento, em Londres, reuniu os principais stakeholders do mercado de Outsourcing da Europa, onde se premeia as melhores práticas e esforços das empresas e indivíduos que demonstraram excelência no mundo do Outsourcing em 2013/2014. Esta distinção surge depois do recente reconhecimento feito pela Gartner, que voltou a classificar Portugal, pelo 4.º ano consecutivo, como um dos 14 países desenvolvidos líderes para a prestação de serviços de Tecnologia de Informação e Business Process Outsourcing. Tendo em conta a boa avaliação ao longo destes anos, Portugal é considerado um potential nearshore country. José Carlos Gonçalves, Presidente da Direção da APO, afirmou a propósito desta distinção: “O reconhecimento feito ao nosso país resulta de uma combinação dos fatores competitivos de que Portugal dispõe. Portugal é referido uma vez mais como um destino com disponibilidade de profissionais com elevadas competências e qualidades nas áreas de TIC e Processos de Negócio. Também a alta qualidade e robustez das infraestruturas e a existência de legislação adequada no domínio da proteção eficaz em matéria de privacidade e segurança da propriedade intelectual e de dados são alguns dos atributos de Portugal”. Neste contexto importa, assim, destacar, de entre os pontos fortes, o elevado nível de qualificações e as competências linguísticas, nomeadamente o inglês, que caracteriza a mão-de-obra portuguesa. Destaca-se ainda, o facto de Portugal apresentar uma elevada competitividade ao nível do custo da mão-de-obra, resultante da prática de salários nominais mais baixos, bem como da apresentação de custos unitários do trabalho inferiores (rácio entre as remunerações por trabalhador e a sua produtividade). No que diz respeito aos pontos fracos, é de destacar a elevada complexidade e instabilidade do sistema fiscal, bem como a respetiva carga burocrática excessiva. Paralelamente, o desconhecimento internacional de Portugal enquanto destino de nearshoring constitui uma fraqueza muito relevante, na medida em que reduz a probabilidade de inclusão do País nas long lists de potenciais localizações, aquando dos processos de implementação de centros de serviços partilhados. Estas são algumas das conclusões retiradas do estudo Micro Outsourcing - Oportunidades e Orientações Estratégicas para PME TICE, recentemente elaborado pelo Grupo CH no âmbito do Projeto Alvos Estratégicos promovido pela Inova-Ria – Associação de Empresas para uma Rede de Inovação em Aveiro, cofinanciado pelo QREN/COMPETE/FEDER e disponível e www.inova-ria.pt.