terça-feira, 5 de maio de 2015

Os centros de serviços partilhados em Portugal (Diário de Aveiro, 22/4/2015)

“Portugal é um destino atrativo”, afirmou recentemente Vincent Rouaix, presidente do grupo francês Gfi Informatique, salientando que “Portugal é um dos centros de nearshore mais interessantes da Europa, em virtude das condições de proximidade, condições financeiras competitivas (incentivos do governo, etc), nível de trabalho altamente qualificado, competências linguísticas e comunicacionais e o espirito de compromisso”. Para a Deloitte, a revolução das TIC foi o elemento catalisador que levou ao surgimento dos serviços partilhados e do outsourcing em regime de offshoring na década de 80 do século passado, tendo permitido às empresas fragmentarem os seus processos no mercado global, de forma eficaz e eficiente. Portugal volta a ser destacado no mercado internacional dos serviços de base tecnológica através da Associação Portugal Outsourcing (APO), que em maio de 2014 foi incluída na short-list dos 2014 European Outsourcing Association Awards, na categoria “Offshoring Destination of the Year”. A 5ª edição deste evento, em Londres, reuniu os principais stakeholders do mercado de Outsourcing da Europa, onde se premeia as melhores práticas e esforços das empresas e indivíduos que demonstraram excelência no mundo do Outsourcing em 2013/2014. Esta distinção surge depois do recente reconhecimento feito pela Gartner, que voltou a classificar Portugal, pelo 4.º ano consecutivo, como um dos 14 países desenvolvidos líderes para a prestação de serviços de Tecnologia de Informação e Business Process Outsourcing. Tendo em conta a boa avaliação ao longo destes anos, Portugal é considerado um potential nearshore country. José Carlos Gonçalves, Presidente da Direção da APO, afirmou a propósito desta distinção: “O reconhecimento feito ao nosso país resulta de uma combinação dos fatores competitivos de que Portugal dispõe. Portugal é referido uma vez mais como um destino com disponibilidade de profissionais com elevadas competências e qualidades nas áreas de TIC e Processos de Negócio. Também a alta qualidade e robustez das infraestruturas e a existência de legislação adequada no domínio da proteção eficaz em matéria de privacidade e segurança da propriedade intelectual e de dados são alguns dos atributos de Portugal”. Neste contexto importa, assim, destacar, de entre os pontos fortes, o elevado nível de qualificações e as competências linguísticas, nomeadamente o inglês, que caracteriza a mão-de-obra portuguesa. Destaca-se ainda, o facto de Portugal apresentar uma elevada competitividade ao nível do custo da mão-de-obra, resultante da prática de salários nominais mais baixos, bem como da apresentação de custos unitários do trabalho inferiores (rácio entre as remunerações por trabalhador e a sua produtividade). No que diz respeito aos pontos fracos, é de destacar a elevada complexidade e instabilidade do sistema fiscal, bem como a respetiva carga burocrática excessiva. Paralelamente, o desconhecimento internacional de Portugal enquanto destino de nearshoring constitui uma fraqueza muito relevante, na medida em que reduz a probabilidade de inclusão do País nas long lists de potenciais localizações, aquando dos processos de implementação de centros de serviços partilhados. Estas são algumas das conclusões retiradas do estudo Micro Outsourcing - Oportunidades e Orientações Estratégicas para PME TICE, recentemente elaborado pelo Grupo CH no âmbito do Projeto Alvos Estratégicos promovido pela Inova-Ria – Associação de Empresas para uma Rede de Inovação em Aveiro, cofinanciado pelo QREN/COMPETE/FEDER e disponível e www.inova-ria.pt.

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