terça-feira, 22 de março de 2016

Open Data Tourism Hack at Ria Aveiro 20XX (Diário de Aveiro, supl. Economia, 22/3/2016)

Os grandes problemas precisam de pequenas soluções - e muitas !
Por isso, acredito que em 20XX ir-se-á realizar uma competição Open Data (dados abertos) para encontrar as melhores App’s, sobre dados abertos da Ria de Aveiro, que ajudem a gerir os maiores problemas e globalmente aplicáveis ao turismo. Outro importante objectivo é promover o uso dos dados abertos e a criação de redes de sensores “abertos”, fomentando o processo de inovação no contexto do movimento das cidades inteligentes.
O Hack at Ria Aveiro será uma plataforma para apoiar o processo de desenvolvimento de App. Ela permitirá a criação por equipas multidisciplinares, com colaboração on-line, com apoio de mentores e peritos. Ela será aberta e gratuita para qualquer criador de App, ou seja, engenheiros, designers, profissionais de marketing, comunicadores ou apenas as pessoas com boas ideias. Os catálogos de dados são conjuntos que estarão partilhados por instituições da Administração Pública, garantidos (qualidade e devidamente actualizados), como por exemplo, estatísticas sobre as diversas funções da economia do mar, transportes, eventos, pontos de interesse, espaço culturais, saúde, parques de bicicletas, rotas, wifi hot spot, etc.
Contudo, na Ria Aveiro, tal como em Portugal e na Europa, apesar das muitas iniciativas, temos de levar esta política mais a sério. “Europa está sem um compromisso sério face aos dados abertos” diz Paul MacDonnell, do Center for Data Innovation - uma organização “think tank” que se tem dedicado à reflexão e estudo sobre a interligação entre os dados, a tecnologia e as políticas públicas, acredita que a maior parte dos países europeus ainda não está a levar a sério as oportunidades criadas pelos dados abertos. No seu artigo[1] relembra o potencial de mercado para os dados abertos: até 2020, estima-se que os dados abertos venham a criar um mercado de bens e serviços na ordem dos 75.7 mil milhões de euros, em toda a Europa. O responsável do Center for Data Innovation acredita que o impacto da diretiva europeia para a reutilização da informação do sector público está, ainda, longe do desejável. Apesar do mérito da iniciativa, a diretiva deixa nas mãos dos estados membros a decisão sobre a informação e formatos a disponibilizar.
É preciso construir uma “Open Data and Smart Ria Aveiro”.

João Orvalho, Professor do Politécnico de Coimbra, jgorvalho@gmail.com



[1] Europe needs to get serious about open data, EurActiv.com

terça-feira, 8 de março de 2016

O Simplex passa por uma cloud pública (Diário de Aveiro, supl. Economia, 8/3/2016)

“I want us to ask ourselves every day, how are we using technology to make a real difference in people’s lives.” – Presidente Barack Obama
O acesso “simples” aos serviços está novamente no topo da agenda pública, leia-se governo. Ainda bem. Temos um road-show a “rolar”, recolha de opiniões, diagnósticos, mais diagnósticos. Enfim! iremos parar num “power-point” ? Há “toneladas” de estudos, “reports”, “surveys”, planos estratégicos, etc. Todos, em conjunto, são bibliografia suficiente para FAZER em multicanal: canal interno, leia-se “in-house”, pelos organismos públicos (governo central, regional e local), ou pelo canal externo, leia-se empresas, cidadãos, etc. Defendo a abertura à economia, à “nova-economia”, aquela que encoraja o desenvolvimento da App Economy, que capacita (permite) as escolhas dos cidadãos. Por onde podemos ir? Por caminhos dos dados abertos (open data), geridos, promovidos, garantidos (quantidade, qualidade e continuidade) por entidades públicas.
Dados abertos é democracia!
Um governação orientada para o digital, que promova a competitividade, a inovação e a resolução do problema do acesso fácil (usabilidade e acessibilidade) à informação e à interação com os serviços públicos, tem um eixo estratégico: uma cloud pública, onde os fornecedores de serviços tenham acessos a dados públicos (abertos e de acesso restrito), os disponibilizem soluções (serviços) e os organismos públicos os possam procurar, adquirir e utilizar. Um exemplo de uma boa prática desta natureza: G-Cloud [1].  É uma iniciativa do governo do Reino Unido para servir todos os serviços públicos com sistemas de computação na nuvem (cloud). Criada em 2012, a G-Cloud consiste numa infraestrutura de cloud. O governo do Reino Unido estabeleceu uma política de “Cloud First” para os serviços TI (driver para adoção de serviços cloud pelo sector público), esperando que em 2015, 50% dos serviços estivessem na G-Cloud. A G-Cloud vai na sexta chamada – G-Cloud 6 (G6), até 1 de Agosto de 2016. “Digital Marketplace”: uma forma simples de vender e comprar serviços no sector público – interface de venda online (online shop). Há catálogos, guias para fornecedores (vendedores) e para compradores, com base em requisitos funcionais e outros. Cada serviço encontra-se organizado por categorias (lotes) tipo de uma cloud:
-      Lot 1 - Infrastructure as a Service (IaaS)
-      Lot 2 - Platform as a Service (PaaS)
-      Lot 3 - Software as a Service (SaaS)
-      Lot 4 - Specialist Cloud Services (oferta de especialistas de TI, individuais e empresas, para migração de serviços e aplicações para a G-Cloud)
O Ministro do Gabinete do Governo do Reino Unido Francis Maude referiu-se à G-Cloud da seguinte forma: “G-Cloud traz uma mudança radical na forma como o governo compra serviços TI. É mais rápido, mais barato e mais competitivo, aberto a uma ampla gama de empresas, incluindo a maioria das PME´s, e oferece mais possibilidades de escolha e inovação”.
Muitos organismos governamentais já usam G-Cloud, mas os custos de TI ainda são muito altos. Uma maneira de reduzi-los é acelerar a adoção da Cloud em todo o sector público para maximizar os benefícios disponibilizados e, ao mesmo tempo, apoiar a inovação e o crescimento no sector TIC do Reino Unido”.
Em março de 2014, 60% do total das vendas, em termos de valor, foram efetuados por PME´s. O ecossistema das PME TICE no Reino Unido está, desta forma, a receber receitas do sector público (muitos acham que é uma devolução), à medida que muitos contratos de outsourcing, de longa data, chegam ao fim.
João Orvalho, Professor do Politécnico de Coimbra, jgorvalho@gmail.com

[1] G-Cloud – cloud do governo do Reino Unido - https://www.gov.uk/digital-marketplace