terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Smart Cities: O Parque e a Cidade (Diário de Aveiro, supl. Economia, 15/12/2015)

Imperativos demográficos, económicos, sociais e ambientais têm estimulado a aposta em novos modelos de desenvolvimento urbano, assim como em formas inovadoras de gestão das infraestruturas e prestação de serviços públicos. Neste caso, o paradigma das smart cities afirmou-se como uma resposta a esta necessidade e  provocou a abertura de fortes linhas de financiamento do H2020. Em Portugal avança-se “timidamente”, desarticuladamente, sem estratégia nacional, apesar da existência de uma rede: RENER – Rede Portuguesa de Cidades Inteligentes e de muitos documentos orientadores, como é o caso do “Cidades Sustentáveis 2020” (Diário da República, 1.ª série—N.º 155—11 de agosto de 2015). No entanto, temos alguns bons exemplos, ou como se diz: “boas práticas”, como é o caso da cidade de Águeda.
Sabemos que as smart cities europeias, de maior sucesso, são áreas urbanas onde emerge um novo balanço de poder entre as políticas públicas, as empresas e a sociedade civil, no âmbito de um modelo de governação aberta e interactiva.
Sabemos que, um muitos casos, os tradicionais processos de regeneração urbana deram lugar a projectos estratégicos com vista à criação de espaços urbanos smart, nos quais se aliou a sustentabilidade, a engenharia social e a tecnologia, com uma forte participação da comunidade.
Sabemos que muitos projectos começaram com reflexões multidisciplinares sobre a “cidade que temos e a cidade que desejamos”, através de modelos de conferencia e/ou workshop, de preferência com um cariz internacional.
Pois, foi isso mesmo que aconteceu em Águeda, em 2013, com uma série de eventos que culminaram numa Workshop internacional: O PARQUE E A CIDADE, de 5 a 14 de Setembro. Esta reflexão sobre o processo de regeneração urbana trouxe contributos inovadores, originais, resultantes de processos criativos e abordagens interdisciplinares, surgindo projectos capazes, mas também e, acima de tudo, “novos princípios e orientações sobre a maneira de conceber a transformação da cidade existente e o seu desenvolvimento e relacionamento para com os espaços e territórios envolventes”. Foi um ponto de partida, que vai dando bons frutos, obrigando a um permanente reequacionar do pensamento e da acção do desenvolvimento de uma cidade. Um exemplo que faz jus ao provérbio chinês: “Visão sem acção é sonho. Acção sem visão é pesadelo”.

João Orvalho, ex-Coordenador Geral do Projecto SmartCoimbra (Coimbra Smart City), 

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