terça-feira, 28 de junho de 2016

UK: Digital skills crisis (Diário de Aveiro, supl. Economia, 28/6/2016)

O Comité para a Ciência e Tecnologia da Câmara dos Comuns do Reino Unido (RU) lançou no passado dia 13 de Junho o relatório “Digital skills crisis”, onde evidenciam a grave crise de competências digitais no RU. Cerca de 12,6 milhões de adultos não tem competências básicas digitais e estimam que 5,8 milhões de pessoas nunca usaram serviços da internet. Estimam, ainda, que este défice de competências digitais podiam gerar ganhos adicionais, em termos de PIB, no valor de £ 63 biliões/ano.
Para prevenir que a sua produtividade e competitividade económica não sejam irremediavelmente atingidas, propõem ações urgentes por parte da indústria, das escolas, das universidades e do governo. O RU precisa de 745.000 trabalhadores com competências digitais até 2017. No entanto, destacam o estado lamentável das ciências da computação nas escolas (em todos os níveis), com a falta de professores com qualificação adequada (só 35% tem qualificação relevante em ciências da computação) e um défice de equipamento apropriado. Apesar do RU ser líder mundial da introdução do ensino da programação no currículo do 1º ciclo, vai levar muito tempo até ter impacto no mundo do trabalho. Para colmatar as lacunas imediatas, recomendam ao Governo para pôr em prática estratégias coerentes para enfrentar a escassez de competências com forte impacto na economia, como é o caso do cyber-segurança, big data, Internet das Coisas, tecnologias da mobilidade e o comércio electrónico.
As competências digitais são essenciais para se ter acesso a um vasto leque de produtos e serviços.
Contudo, como escreveu Peter Tait no The Telegraph, o maior desafio que enfrentamos, como sociedade, é motivar um grande número de nossa população escolar para levar a educação a sério, para que seja vista como fundamental, relevante, para o seu futuro e para as suas perspectivas de emprego. Afirma, também, que “muitos estudantes veem o nosso modelo atual da educação como obsoleto. Como se pode mudar isso? Como podemos tornar a educação algo que os alunos querem, em vez de ser algo que eles têm de suportar? Como “provocamos” vontade de aprender e dar um propósito de ir para a escola?
Um dos clichês mais citadas dos últimos tempos é que o mundo está a mudar quatro vezes mais rápido do que nossas escolas.
Mas o RU enfrenta outros problemas. Segundo um relatório da Equality and Human Rights Commission, os rapazes brancos pobres são, agora, o grupo com menores graduações no sistema GCSEs (General Certificate of Secondary Education). Além disso, relativamente aos grupos étnicos, são menos propensos a frequentar o ensino superior. É um problema crescente, afirma Peter Tait, reforçado com o problema de género no ensino superior e o rankings decepcionantes da Grã-Bretanha no sistema PISA.
Serão estas algumas das “big questions”que levaram ao “Brexit” ?


João Orvalho, jgorvalho@gmail.com

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